20131107

20130820

Sl 101:3


20130729

oréade


Eco, apaixonada pela sua voz (por si própria), nada mais repete que os murmúrios idiotas que outros ressoam junto de si. a sua própria droga. apaixona-se por ναρκη. triste analogia...

tarnhelm


retorcida, nojenta, corcunda e horrível, a luxúria de Alberich é rejeitada pelas ninfas do Reno. incapaz de aceitar o seu destino, vinga-se da beleza, rouba-lhe o seu ouro. ao renunciar à capacidade de amar, o nibelungo ganha o poder de forjar o artefacto de poder, através da intriga, das suas mentiras, da sua mente retorcida. os incautos serão ludibriados quando a débil forma se reveste de ilusão com o Tarnhelm... oh pobres tolos. contudo, nenhuma ilusão dura o tempo suficiente para se tornar realidade. então, incapaz de controlar ou compreender o poder do anel, o retorcido, asqueroso e débil anão, Alberich amaldiçoa todos os que o venham a possuir após ele. o veneno das suas conspirações não trará nada a não ser dor, e a morte do amor entre heróis.

passarão mil séculos em que Siegfried nos inspirará valor e passarão mil séculos em que o nojento, retorcido e marreco, anão Alberich inspirará, aos que conseguem ver além do Tarnhelm, nada mais que o asco de um sapo sob os pés de Wotan.


20130423

 
«In art everything is possible, but everything that is made is not necessary», Pärt.

20130404


«flow thru weary waves»

20130316

«days went by when you and I bathed in eternal summers glow»



nunca tinha entendido a Ilíada para lá do seu estoicismo e assim os personagens sempre me haviam parecido unidimensionais – mas agora percebo como a minha dor é a daqueles que lutam em Tróia, dominados pelas forças trágicas do destino e a impulsividade de amar.

mesmo com o poder de Aquiles, o humano sucumbe diante da descoberta de um olhar que o desarma e, refém da irascibilidade, piora o que pretende corrigir afinal o seu amor é grande, mesmo por alguém que no início via como subserviente ou que se lhe entregava despojada «São os Atreus, entre os mortais, os únicos que amam suas mulheres? Acho que não. Qualquer sujeito sadio e decente ama a sua e cuida dela, como em meu coração amei Briseis, embora a tenha conquistado pela lança».

o nobre Heitor é o retrato da vitimizada bondade, não é o eros que o prejudica sendo ele fiel e honrado com a sua esposa, mas é tragicamente absorvido pela fúria de Aquiles, também movida pela perda de Patróclo, quem tanto amava.

a quantas insuficiências nos expõe Homero diante dos pilares das forças em colisão, temos a fúria sem poder de Aquiles que acaba por derrubar os princípios virtuosos e o desejo de bem de Heitor, quão pequenos somos diante de ambos e quão maior tornam a nossa humilhação.

essa é a contingência que torna o humano reflexo da causa central da obra. a fraqueza de Páris, uma sombra do irmão, que desperdiça o tempo e a juventude atrás da ilusão da beleza física apenas para diante do amor de Helena descobrir-se incapaz de proceder correctamente, sem conseguir olhar à ruína e ao mundo que arde em seu redor – quantos sofrerão e morrerão, quanto mal surgirá – tal é o amor que destrói a racionalidade e torna dele escrava a consciência e chama a si a desonra e o despojo da coragem.

a maldição e a dor de Tróia é, ainda assim, a beleza avassaladora da própria vida, de que a imortalidade não reside nos feitos e virtudes do indivíduo, mas na força com que ama.



 

20130303

dig up the bones but leave the soul alone

20130215

«Socialism is the philosophy of failure, the creed of ignorance, and the gospel of envy. Its inherent virtue is the equal sharing of misery», Winston Churchill

20130111

© Miles Aldrige. Alana Zimmer