20100128

da subtileza da sophia

tendo estudado certas formas do saber, contudo sem completar a formalização estipulada socialmente, sem concretizar e finalizar a formação académica, poder-se-á dizer que esta afirmação assenta numa forma de desresponsabilização pessoal - como a raposa de Esopo que não consegue chegar às uvas.

ainda assim isso permitiu-me perceber algo: não acho importante essa formalização ou estruturação burocrática do conhecimento, será importante, mas vital é um saber pulsional. a realidade da nossa sabedoria acontece no imediato dos nossos instintos, nas derivações do pulsar primário humano. a moldagem controladora da emotividade castra o indivíduo dum factor fundamental de humanização: a impulsividade do ego. e uma vez removido ou domesticado esse factor, somos esvaziados duma fúria de transcendência originária, dum axioma do espírito.

o indivíduo extra-educado corre o risco de perder a espontaneidade da sua sensibilidade e aceitando uma rigidez ética e moral perde a vitalidade dessas mesmas características. estará sempre perante uma perspectiva universal, que existirá de facto, mas que anula a beleza do agora, do dasein.

não há outra autenticidade na sabedoria senão a poética.

conhecimento não é sabedoria.

20100125

a tua beleza ainda me assombra

o desaparecimento do mundo.
sermos um só.

a tua forma divina,
os teus seios como o altar da minha boca.


e quando a tua nudez me usava como manto.