20121209


O Fortuna velut luna statu variabilis,
semper crescis aut decrescis;
vita detestabilis nunc obdurat et tunc curat ludo mentis aciem,
egestatem, potestatem dissolvit ut glaciem.

Sors immanis et inanis,
rota tu volubilis, status malus,
vana salus semper dissolubilis,
obumbrata et velata mihi quoque niteris;
nunc per ludum dorsum nudum fero tui sceleris.

Sors salutis et virtutis mihi nunc contraria,
est affectus et defectus semper in angaria.
Hac in hora sine mora corde pulsum tangite;
quod per sortem sternit fortem, mecum omnes plangite!

20121125

star of wonder [advento]


We three kings are coming again
Bearing gifts from the East
From the East

Some say a star will rise again
In the hearts of humankind
Some say we have been in exile
What we need is solar fire

Star of wonder, star of night
Star of royal beauty
Westward leading, still proceeding
A star
A star of wonder

We bring gold and myrrh for him
From the East, frankincense
From the East

Some say a star will rise again
In the hearts of humankind
Some say we have been in exile
What we need is solar fire

Star of wonder, star of night
Star of royal beauty
Westward leading, still proceeding
A star

Star of wonder, star of night
Star of royal beauty
Westward leading, still proceeding
A star
A star of wonder
Of wonder.

20121030

Om - Advaitic Songs
Drag City
.2012

01 - Addis
02 - State of Non-Return
03 - Gethsemane
04 - Sinai
05 - Haqq Al-Yaqin
 
Se o álbum “God Is Good” começou a mostrar uma coesão musical muito mais forte e uma direcção estética com estruturas mais objectivas, em detrimento de uma excentricidade experimental – muito devido à entrada de Emil Amos, vindo dos Grails para a bateria dos Om –, esse processo só ficou plenificado agora no segundo álbum que Amos faz com a banda.

Aqui Al Cisneros parece surgir muito mais entrosado com a espiritualidade rítmica do antigo baterista dos Grails em vez de ter as suas composições coladas à nostalgia do trabalho com o seu antigo parceiro dos Sleep, Chris Hakius. Se este era também um excelente baterista, a verdade é que Amos parece mais contextualizado, pela sua própria herança musical, dentro dos mantras de repetição dos Om. Pois se Hakius sempre foi um portento de solidez rítmica, essa derivava para a ortodoxia do doom, enquanto Amos consegue manter as progressões de repetição com uma maior dinâmica e com crescendos de elementos percussivos.

Não deixa de ser lamentável que muitos ouvintes de música acabem por deixar passar a oportunidade de ouvir este álbum dos Om, como sucede com tantos outros na mesma latitude, pelo preconceito em relação a termos como doom, sludge, stoner ou metal. Quando na verdade, o local onde mais tem sido venerado o culto psicadélico e experimental dos anos dourados do rock, os anos 70, é precisamente a partir dos géneros supra citados. E aqui muito do mérito é do pilar central da banda, o baixo de Cisneros – que é como um mandala sonoro a congregar a hermenêutica musical da banda.

Outro factor de solidez a conquistar excentricidade é o maior envolvimento de Aubrey Lowe no desenvolvimento sonoro do álbum – os apontamentos com instrumentos como o violoncelo, a tambura e o preenchimento harmónico da sintetização é muito mais direcionado e muito mais presente nas estruturas musicais. A banda poderá ter demorado 4 álbuns a consolidar-se musicalmente, mas essa espera valeu cada um dos trabalhos anteriores, agora congregados em "Advaitic Songs". No final este é um disco tão acessível quanto impenetrável.

Guerra do Anel, Genesis e sereias...



cada pessoa deve assumir um compromisso democrático, o trabalho que supõe, e assumir a sua voz política. e não digo política nessa perspectiva partidária, mas no sentido original da palavra, derivado do termo grego para cidade. ou seja, ter voz entre os iguais. essa é a base duma existência comum entre todos. digo que é trabalhoso precisamente porque, para haver voz entre iguais, há a necessidade de igualdade. portanto, a pessoa não pode ser displicente no investimento em si própria, deve procurar seriamente ter uma educação sólida e pilares éticos e morais inabaláveis.

só partindo dessas bases de desenvolvimento conseguirá o mais importante – respeitar o próximo, o outro que o ouve e que também lhe irá falar, que poderá ou não concordar consigo. é essa a importância de expressar publicamente as nossas ideias, é algo que permite que nos revelemos entre iguais e que esses outros se revelem a nós. numa sociedade dissimulada não haveria qualquer comunidade, não haveria uma realidade política interligada, a própria democracia seria um conceito vazio, pois os interesses que defende seriam desajustados a cada um. a raíz dos males sociais estará nessa dissimulação, da menos à mais grave, pois agindo politicamente invisível o indivíduo pode prejudicar aqueles que o rodeiam em seu benefício próprio [o Anel, que o professor Tolkien criou, representa isso perfeitamente].


obviamente que isso não permite à sociedade funcionar dum modo saudável. se pensarmos nisto como uma esfera, numa democracia é necessário que os mecanismos políticos funcionem do centro até à periferia, cada indivíduo cuidará da sua casa e dar-se-á a conhecer à cidade (polis) através das suas ideias, aí entrarão em diálogo e surgirão conceitos de sociedade e comunidade donde surgirão necessidades e reivindicações que podem então ser apresentadas e resolvidas numa escala maior. se cada um pensar e preocupar-se exclusivamente consigo será apenas um pequeno passo até ao falhanço político, a anarquia. uma espécie de darwinismo social, onde cada um é por si e o mais forte prevalece.

por ser uma realidade, a corrupção político-partidária cria os dois focos de guerra. mas se Mordor não pode possuir o Anel para o usar na batalha, então os decadentes e auto-proclamados paladinos da ordem social, leia-se PC/BE... perdão, Gondor... também não.
parece claro que Tolkien deixava intuído que a fonte da corrupção é civilizacional, afinal é nas forjas de fogo e de ferro que o Anel é fabricado. o professor optou pela visão de uma vida campestre, simples e idílica, a triunfar sobre as crescentes desenvolturas do "progresso". o ser humano é mais pleno dando-se satisfeito pelos prazeres simples da vida: família, amizade, boa cerveja e boa erva. conceitos que tragicamente menosprezamos.

no final não somos apenas adamah. através de hawwah sucumbimos à ambição... em cada sereia há mil tentáculos ocultos.

20120916

some don't pose. some believe

20120726

ANAR KALUVA TIELYANNA

20120608

WHEN LIFE IS A BITCH YOU CAN FUCK HER WITH ROCK N' ROLL

20120518

lógion LXIII

Jesus disse, «havia um homem rico que tinha uma grande fortuna. disse ele: "empregarei a minha fortuna a semear, a ceifar, a plantar, a encher os meus celeiros de cereais, para que nada me falte". isto pensava ele no seu íntimo, e nessa mesma noite morreu. quem tiver ouvidos oiça!»

20120206

a dor não cantada

quão tamanha é a dor não cantada. e imensos os mitos não escritos. porque o ser humano é habitado por dores sem eco, por heróis não aclamados aos quais o único prémio é a sua dor não imortalizada.

porque há dores maiores que aquelas cantadas por Homero, que se sustém a si mesmas, sem o sentido épico das forças do destino. sozinhas, habitam os heróis não cantados com a majestade do silêncio. ninguém dirá dos que sofrem assim «vede, eles serão senhores...» - o herói anónimo permanece abandonado pelos poetas, com a crueldade da mortalidade que não será imortalizada.

não será feita cinematografia, nem dramaturgos darão cor à dor não conhecida. e sem a benção dos bardos quantos não saberão escrever, cantar, imortalizar o seu abismo, o quanto sacrificaram e o quanto amam. sem saber ilustrar o quanto fizeram, o quanto quiseram, serão esquecidos pela força do tempo. esses heróis são os que mais sofrem, a sua dor é a dor do mundo, o que sabemos do humano e será atribuída à mitologia sem rosto, ao tipo, aos filósofos.

quão tamanha é a dor não cantada. tê-la e à impotência de a exprimir. a insuficiência de ser. o herói anónimo, sem ser cantado, dirá «não sou nada». nem à vingança de Virgílio lhe é dado o direito, nem será acusado como David pelo pecado com Betsabé.

restará apenas a justeza ou maldade no próprio âmago, com a voz única do autor incapaz como penitência. e com a dor do silêncio, sem epopeias que sejam amadas, louvadas, estudadas e estimadas. a sua dor não será aliviada pela apropriação de outros que sofram dela façam. o peso será sempre só seu para suportar.

e carregam o mundo sem serem chamados Atlas, sem a honra do seu caos ser designado, vergados pelo peso da vergonha anónima.

20120124

a descoberta

se o mundo acabasse amanhã povoarias a minha finitude. e seria a memória do teu sabor a minha última refeição - a evocação do calor do teu sexo a minha mortalha.

20120115

Lucas 10:38-42

contemplei as ruínas de nós e eram sustentadas por cinza e amargura.. no final nunca me conheceste mesmo

20120113