20090217

o sibilar da serpente de fogo

pela escrita de nietzsche, zarathustra profetizou o fim do homem - um ser cheio de pompa e vazio de essência [anunciou a morte divina]. sócrates e almeida dos santos respondem a uma era de problemas graves na estrutura económica e social portuguesa, com o acolhimento da anulação de substância - um país envelhecido surge como estrangulador de vida, primeiro o aborto, agora a eutanásia e o matrimónio homossexual.

é ilógica a dinâmica de valores aclamados por determinados sectores. é óbvio que quaisquer que sejam as suas opções de vida, duas pessoas que se amam têm à partida toda a legitimidade em celebrar isso, mas este acaba por ser um valor inócuo perante a realidade humana, é que o homem não se pode esquecer que não é somente emocional, espiritual, é no final de todas as coisas um mamífero - uma res biológica, à qual compete determinados ciclos na sua physis. diga-se o que se disser, este é um axioma ontológico, antropológico, o ser humano no final é também bio lógico. obviamente que até entre dois heterossexuais poderá não haver capacidade ou desejo de cumprir esse papel, mas esse é um momento trágico. a vida não se plenifica. o ser humano não se realiza por completo.
é injusta uma manobra de distracção destas para tantas famílias tradicionais que estão desprotegidas pelo estado para o qual trabalham, se procuram desenvolver e gerar vida, educá-la, legá-la. nenhuma pirâmide se constrói pelo topo.

a eutanásia surge também discutida com uma leviandade assustadora, qualquer religião no mundo afirmará estar em causa a dignidade humana - é óbvio que existem casos difíceis de discernir, de suportar uma estrutura ética que abandone friamente ímparidades apenas por resolução de formato, mas uma vez mais um assunto destes não pode ser usado como uma manobra de distracção. é mais uma medida de nulificação essencialista.

este é um tempo de urgência para a vida, do apoio que cada cidadão necessita e não de esvaziar essa vivência com conceitos periféricos disfarçados de humanitarismo. é uma irresponsabilidade niilista. um acto de humanos menores.

20090209

a cidade esmeralda



resplandecente no horizonte ergue-se um lugar de esperança no final dum itinerário de conquista. ali vive um feiticeiro, o maior de todos - nunca ninguém o viu, ninguém o pode ver. como se sabe que existe? ora, porque...

há imensas leituras para o maravilhoso filme de Victor Fleming. gosto sempre de arriscar uma proximidade teológica, humana. ninguém a não ser cada um de nós pode conquistar aquilo que deseja. no olho dum ciclone há sempre cor para ser descoberta, amigos a serem encontrados, uma vida a ser ganha. feito o percurso não será necessário pedir nada a um ser supremo, a busca por esse encontro dota o ser humano de capacidade para encontrá-lo, de estar cara a cara diante daquilo que é ele próprio realizado. assim se descobre paz no final duma jornada, assim se retorna a casa plenificado.

sempre que posso revejo o filme [infelizmente nunca encontrei os romances de L. Frank Baum], tento viajar para lá do arco-íris e encontrar o Feiticeiro de Oz. tentem fazer o mesmo.