20110106

storm

Paradise Circus - Massive Attack on Vimeo.


the devil makes us sin
but we like it when we're spinning his grip

love is like a sin, my love, for the one that feels it the most

a morte de norrin radd


obviamente que a morte dum super-herói ou vilão no mundo dos comics raramente assume um carácter definitivo - há sempre um ressurgimento cíclico, afinal os próprios comics são considerados por muitos uma forma de mitologia moderna. "Silver Surfer: Requiem" já foi dito ser uma espécie de "What If...?", um conto de Uatu the Watcher. mas esse detalhe não invalida a fantástica história que J. Michael Straczynski constrói aqui, suportada pela arte única e pouco usual nos comics norte-americanos de Esad Ribic [eu pelo menos só conhecia o seu trabalho na mini série "Loki"], e se as paisagens cósmicas nesta mini-série são arrebatadoras, o classicismo dum Spider-Man inspirado na obra de Steve Ditko não é menos impressionante. o motivo da falência do revestimento prateado de Norrin Radd não é muito explicado, a morte em si permanece misteriosa e esse factor, quanto a mim, é logo um dos grandes pilares da história. o que o roteirista nos mostra é precisamente uma exploração do interior do personagem prateado, que sempre foi uma espécie de mistura entre o pensamento neo-platonista e a figura de Cristo. até nesse detalhe fundamental nesta série - não há qualquer super-vilão incluido, a única ameaça é a maior de todas, a morte. então, nas quatro partes da série, vemos um pacifismo estóico no alienígena confrontado com o tempo que lhe resta para viver, em vez de sufocar ante a eminência do fatalismo mortal:

"Here is the cycle of life writ large. To be born in fire and live in the bright flame of our passions, illuminating the world around us. We live and die in fire, knowing that when we die, we are reborn in the minds and spirits of those who will follow the path we have lit for them across the ages. The path that one day calls all of us home at the dying of the light." - Silver Surfer

é sempre nesse sentido duma vida vivida plenamente, com todas as forças que decorrem os quatro números, enquanto Norrin Radd visita, para se despedir, os amigos, nos seus diálogos que são reflexões antropológicas profundas, demonstrativ
as da escrita de Straczynski. o seu desejo de regressar a casa tão humano, e a sua mágoa por não conseguir um último acto omnipotente para salvar uma Terra sempre auto-destrutiva:

"People can’t change what they are until and unless they understand what they can be." - Spider-Man
depois, no regresso a casa, a excelente história mostra-nos sempre um autor que percebe perfeitamente aquilo que o Silver Surfer significa, os seus poderes, o maior de todos o seu altruísmo forte e romântico, que lhe dão uma autoridade serena. brilhante o encontro com as civilizações em guerra, a mensagem que advém das directrizes sábias e tocantes do personagem:

"If sacred places are spared the ravages of war... then make all places sacred. And if the holy people are to be kept harmless from war... then make all people holy."
- Silver Surfer

muita gente considera a bd uma forma menor de arte, contudo livros como estes quatro volumes de "Silver Surfer: Requiem" são um testemunho fortíssimo de que em muito poucas manifestações artísticas podem a escrita e a pintura ser tão emocionantes e comoventes.

20110104

Bastas

«existe uma ligação fundamental entre ser e parecer. todas as crianças Fae sabem isto, mas os mortais parecem incapazes de perceber. compreendemos como uma máscara pode ser perigosa. todos nos transformamos no que fingimos ser.»