20091005

brucia la terra

a genialidade da obra de Francis Ford Coppola reside em vários aspectos narrativos, nas dicotomias claras entre o bem e o mal [e na harmonização do profano ao religioso - duma certa atmosfera hierofânica antropológica], na violenta brutalidade justificada, na procura da consagração amorosa, paciente, resistente a tudo. mas o ponto central está na audácia como acolhemos a maquinação de Michael Corleone, de como entendemos a honra familiar, o dever filial ao qual cada ser humano é chamado [a profanidade criminosa exorta à ontológica exemplarmente] - e a genialidade irónica reside precisamente em como aceitamos e acolhemos esse dever filial que é legitimado pela confissão no terceiro episódio. aí, é quando vemos uma das figuras mais poderosas do mundo completamente desarmada e desnudada humanamente. então compreendemos, perdoamos, caritamos, Francis Ford Coppola coloca o espectador no papel do confessor, no papel vigário divino. a legitimação de tudo é a condescendência amorosa. não é colocado o protagonista ante o escrutínio racional das novas "ciências" da mente, mas ante a irracionalidade do amor divino.