o espírito é decisão, o sim é a grande palavra do espírito.
20051205
[advento] anunciação
o espírito é decisão, o sim é a grande palavra do espírito.
20051107
Marcos 1, 21-28
no inicío no versículo vinte e um é-nos dito que Jesus e os discípulos que nesta altura o acompanham entram em Cafarnaum (podemos daqui constactar que Jesus iniciou a sua pregação na Galileia, pois em Marcos é na Galileia que é baptizado, que começa a curar e a ensinar) e que se dirigem para a sinagoga. Este detalhe espaço-temporal, que o autor nos mostra, a contar-nos que Jesus se dirige à sinagoga no dia do Senhor na tradição hebraica, mostra um Jesus cumpridor da tradição judaica à qual naturalmente pertencia e prezava, mas ao mesmo tempo que nos mostra um Jesus em linha de continuidade com essa tradição, Marcos logo a seguir destaca o papel de Jesus, a renovação que ele traz e o seu carácter messiânico no versículo vinte e dois: ”Estavam espantados com o seu ensinamento, pois ele ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”. Também se poderia interpretar o facto de em plena sinagoga estar um homem possuído por um espírito impuro, como uma alusão simbólica à impotência da fé judaíca, sendo então o ansiado Messias a expulsar o espírito e a conseguir curar o homem, pois para a fé cristã, a fé do autor, Jesus é quem cura, quem dá conforto, quem traz redenção. Jesus é maior que Moisés e interpretando esta simbologia desta forma a Nova Lei parece suplantar a Antiga, Marcos parece mostrar essa perspectiva quando no versículo vinte e sete mostra o espanto de todos os que assistiram ao sucedido dizendo: ”Um novo ensinamento com autoridade! Até aos espíritos impuros dá ordens, e eles lhe obedecem!”
20050805
20050708
"O rio Amarelo corre para leste
rumo ao grande oceano.
O sol cai todos os dias,
no distante mar do ocidente.
Correm as águas, mas o tempo passa
mais célere ainda.
Ontem, tinha o vigor da Primavera,
hoje, sou um Outono brando e cinzento.
Entre os homens e pinheiros há diferença,
quem não receia o frio?
Para manter a eterna juventude
devo montar um dragão,
Subir ao céu, voar no espaço
e enebriar-me de sol e de luar."
GU feng onze
20050706
um Deus de relação - "Deus é Amor" 1Jo 4,8
sozinho ninguém ama. é necessária a relação entre quem ama e aquilo que é amado, foi por esse amor que Deus nos enviou o Seu amado filho que é Jesus Cristo.
se na fé hebraica vislumbramos um Deus do povo, através de Cristo esse Deus ganha uma dimensão pessoal e íntima com cada pessoa, torna-se um Deus de relação, o Deus de alguém, o Deus de Jesus.
sendo israelita, Jesus não falou de um novo deus, mas do Deus de sempre, o Deus da fé hebraica, embora tenha falado de um modo novo desse Deus que Ele conhece em plenitude e intimidade. Jesus não pretende ensinar um deus metafísico, mas uma profundidade maior – o nosso Deus, com quem nos podemos relacionar, que podemos descobrir. foi esse Deus que Jesus descobriu e com O qual desenvolveu uma intimidade tão grande que lhe chamou Abba (Pai).
os escritos de S.João mostram-nos que é necessário crer [a palavra crer surge inúmeras vezes no evangelho de S.João], crer em Jesus para mergulhar no mistério de Deus. é na pessoa de Jesus que se reflecte Deus (esse Deus íntimo), ele está em comunhão com o Pai. Ele é a fonte da salvação e da comunhão com o Pai, Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida.
não podemos permanecer inertes na vida, à espera de um sinal exterior, é preciso mergulhar dentro de nós mesmos para descobrir Deus no humano, e Jesus foi quem chegou mais fundo naquilo que é ser humano; é atrás deste Jesus divino que os apóstolos correm e abandonam tudo para penetrar no mistério de Deus, nessa intimidade que traz a vida eterna. é atrás de Jesus, Palavra Viva e de vida eterna, que eles seguem e acolhendo esse Logos, que lavra dentro de nós, descobrem Deus dentro de si, pois foi Jesus quem desvendou esse Deus de relação, um Deus de Amor.
quem se fecha ao amor vê a sua vida muito limitada, quem se abre ao amor tem a vida eterna. o amor de Deus toma forma na geometria da cruz: a incompreensibilidade assume forma. Cristo é o homo dolores, o cordeiro imolado do Deus compadecido do sofrimento humano.
repito-me: que Deus se faria homem por amor ao homem? a realidade transcendente é culminada na revelação do sacrificío do cordeiro pascal - contemplando o mistério de Cristo traduz-se o Verbo Primordial. um Deus que sofre ao nosso lado, que padece como o homem padece, é um acto de Amor que só Jesus verdadeiramente Filho de Deus podia mostrar, tornando-se pela fé de quem o descobre o Cristo Ressuscitado, Deus e Senhor que a tradição apostólica nos transmitiu.
20050531
"shred of light, pinch of endless
: por skepticism
20050511
perspectiva
é pela Graça que somos e, sendo pela Graça, é por ela que mostramos que Deus é.
"in ipso enim vivimus et movemur et sumus" actos 17.28
20050422
"A Nascente
ao ritmo de enxurradas caudalosas...
Se queres encontrar a nascente,
deves continuar para cima, contra a corrente.
Penetra, busca, não desistas,
tu sabe-lo, deveria estar aqui, em qualquer lugar -
Nascente, onde estás?... Onde estás, nascente?!
Um silêncio...
Torrente de bosque, torrente,
revela-me o mistério
da tua origem!
(Um silêncio... - porque te calas?
Escondeste da vista escrupulosamente
o mistério da tua origem.)
Permiti-me aspergir os lábios
com a água da nascente,
sentir a frescura,
- frescura vivificante." Joannes Paulus II
...ao Diogo e a todos os que sofreram com a terrível tragédia que caiu entre nós a 15.04 deste ano de 2005
20050324
paixão [páscoa tomo II]
"aquele que crê tem a vida eterna" Jo 6,47
20050310
êxodo [páscoa tomo I]
quão ricos são os ermos onde me conduzes quando comparados com as riquezas dos reinos do homem. anseio por esse encontro, pela libertação do peso megalítico dessas pirâmides, desses monumentos ao homem que subjugam o ser.
são ansiosos os meus passos na descoberta desse caminho, que me leva ao teu encontro através do esvaziamento de mim.
20050214
a carta
parece-me que, e talvez seja normal isso suceder, a maior parte das vezes pretendemos uma salvação à nossa medida e de acordo com as nossas pretensões em vez de aceitarmos a Graça tal como ela é.
esta anedota ilustra isso:
o sr.antónio estava a passar por um período de muitas dificuldades financeiras, então resolveu escrever uma carta Deus, a qual selou e depositou num marco dos correios.
no posto de correios, na altura de separar as cartas, um funcionário achou estranho e resolveu mostrar a carta aos seus colegas, pois no destinatário dizia: "para o Senhor Deus". ficaram todos cheios de curiosidade e resolveram abrir a carta, que tinha escrito: "meu Deus estou com problemas financeiros e peço-te que me envies 250€ para pagar as minhas dívidas. assinado: antónio (católico praticante)".
os funcionários dos correios ficaram sensibilizados e resolveram fazer uma vaquinha para ajudar o sr.antónio.
conseguiram juntar 200€ que colocaram num envelope e enviaram para o sr.antónio. este, passado três dias, escreveu nova carta a Deus; mais uma vez os funcionários dos correios estranharam e abriram a carta que dizia: "Senhor Deus, agradeço-te imenso o dinheiro, mas peço-te que mo entregues pessoalmente da próxima vez, pois os funcionários dos correios devem ter ficado com 50€..."
20050213
pincelando sobre heidegger
surgiu-me a preocupação da leviandade patenteada na abordagem ao sentido do Homem
a busca de Deus não pode ser preparada de forma abrupta, feita de clichés ou lugares comuns e absolutamente impossível de ser feita de ânimo leve - não é fácil o caminho para a verdade
o homem não pode ser continuamente colocado no centro do encontro interior, pois, como diria heidegger, o homem não é senão o vizinho do ser; o encontro de ambos os vizinhos deve ser o meu primeiro objectivo, pois é esse encontro o próprio caminho que me leva à verdade, que me leva a Deus; não posso ter a pretensão de chegar ao fim da viagem, antes de a ter iniciado sequer, ainda que tenha mapas que me mostrem onde está o meu destino, só chegarei aí depois de ter feito o caminho, os mapas por si só não me levam a lugar nenhum.
para juntar os vizinhos, preciso enquanto homem encontrar o meu ser, e depois conseguir que ambos coabitem harmoniosamente na mesma casa pois, para saber construir, é preciso saber habitar.
para encontrar o ser, pegando no mito grego de Teseu e o Minotauro, preciso tal como o herói de Atenas chegar ao centro do labirinto e então, estando este atingido, voltar ao ponto de retorno – ao alfa e ao omega, o princípio e o fim; obviamente não posso ter a ousadia de julgar que quebrando o fio de Ariadne que me liga à porta do labirinto possa eventualmente sair deste, o mesmo se passa na relação com Deus.
a ideia de que se pode tornar fácil o caminho para a verdade, o caminho para Deus é “banha de cobra” e ainda por cima barata; existe sim o grande presente que Cristo nos dá na Ressurreição – a esperança, mas antes da glória, o calvário.