20050706

um Deus de relação - "Deus é Amor" 1Jo 4,8

sozinho ninguém ama. é necessária a relação entre quem ama e aquilo que é amado, foi por esse amor que Deus nos enviou o Seu amado filho que é Jesus Cristo.

se na fé hebraica vislumbramos um Deus do povo, através de Cristo esse Deus ganha uma dimensão pessoal e íntima com cada pessoa, torna-se um Deus de relação, o Deus de alguém, o Deus de Jesus.
sendo israelita, Jesus não falou de um novo deus, mas do Deus de sempre, o Deus da fé hebraica, embora tenha falado de um modo novo desse Deus que Ele conhece em plenitude e intimidade. Jesus não pretende ensinar um deus metafísico, mas uma profundidade maior – o nosso Deus, com quem nos podemos relacionar, que podemos descobrir. foi esse Deus que Jesus descobriu e com O qual desenvolveu uma intimidade tão grande que lhe chamou Abba (Pai).

os escritos de S.João mostram-nos que é necessário crer [a palavra crer surge inúmeras vezes no evangelho de S.João], crer em Jesus para mergulhar no mistério de Deus. é na pessoa de Jesus que se reflecte Deus (esse Deus íntimo), ele está em comunhão com o Pai. Ele é a fonte da salvação e da comunhão com o Pai, Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida.
não podemos permanecer inertes na vida, à espera de um sinal exterior, é preciso mergulhar dentro de nós mesmos para descobrir Deus no humano, e Jesus foi quem chegou mais fundo naquilo que é ser humano; é atrás deste Jesus divino que os apóstolos correm e abandonam tudo para penetrar no mistério de Deus, nessa intimidade que traz a vida eterna. é atrás de Jesus, Palavra Viva e de vida eterna, que eles seguem e acolhendo esse Logos, que lavra dentro de nós, descobrem Deus dentro de si, pois foi Jesus quem desvendou esse Deus de relação, um Deus de Amor.

quem se fecha ao amor vê a sua vida muito limitada, quem se abre ao amor tem a vida eterna. o amor de Deus toma forma na geometria da cruz: a incompreensibilidade assume forma. Cristo é o homo dolores, o cordeiro imolado do Deus compadecido do sofrimento humano.

repito-me: que Deus se faria homem por amor ao homem? a realidade transcendente é culminada na revelação do sacrificío do cordeiro pascal - contemplando o mistério de Cristo traduz-se o Verbo Primordial. um Deus que sofre ao nosso lado, que padece como o homem padece, é um acto de Amor que só Jesus verdadeiramente Filho de Deus podia mostrar, tornando-se pela fé de quem o descobre o Cristo Ressuscitado, Deus e Senhor que a tradição apostólica nos transmitiu.