surgiu-me a preocupação da leviandade patenteada na abordagem ao sentido do Homem
a busca de Deus não pode ser preparada de forma abrupta, feita de clichés ou lugares comuns e absolutamente impossível de ser feita de ânimo leve - não é fácil o caminho para a verdade
o homem não pode ser continuamente colocado no centro do encontro interior, pois, como diria heidegger, o homem não é senão o vizinho do ser; o encontro de ambos os vizinhos deve ser o meu primeiro objectivo, pois é esse encontro o próprio caminho que me leva à verdade, que me leva a Deus; não posso ter a pretensão de chegar ao fim da viagem, antes de a ter iniciado sequer, ainda que tenha mapas que me mostrem onde está o meu destino, só chegarei aí depois de ter feito o caminho, os mapas por si só não me levam a lugar nenhum.
para juntar os vizinhos, preciso enquanto homem encontrar o meu ser, e depois conseguir que ambos coabitem harmoniosamente na mesma casa pois, para saber construir, é preciso saber habitar.
para encontrar o ser, pegando no mito grego de Teseu e o Minotauro, preciso tal como o herói de Atenas chegar ao centro do labirinto e então, estando este atingido, voltar ao ponto de retorno – ao alfa e ao omega, o princípio e o fim; obviamente não posso ter a ousadia de julgar que quebrando o fio de Ariadne que me liga à porta do labirinto possa eventualmente sair deste, o mesmo se passa na relação com Deus.
a ideia de que se pode tornar fácil o caminho para a verdade, o caminho para Deus é “banha de cobra” e ainda por cima barata; existe sim o grande presente que Cristo nos dá na Ressurreição – a esperança, mas antes da glória, o calvário.